Aposentos da Hanna

- Sim, quando quiser é só bater no meu quarto - Maxwell surpreendeu-se ao ouvir a risada de Hanna. Não era o fato de ela rir que o surpreendia, mas sim que gostara de ouvir ela rindo. Pessoas como ela realmente eram a fraqueza do rapaz.

Ele acompanhou a garota quando esta andou um pouco mais rápido, notando que ela parecia perder-se em seus próprios pensamentos. Não era nenhuma novidade para ele, que sempre via-se fazendo isso. Ele anotou mais uma vez que ela segurava as mangas de sua blusa e abriu um gentil sorriso para ela.

- Não precisa me agradecer, é o que um deve fazer nessas situações.

Talvez, apenas talvez, Maxwell tivesse encontrado um segundo ponto fraco para adicionar a sua pequena lista de fraquezas. O nome de dito ponto vulnerável era Hanna Blackwell. O rapaz só encontrara alguém como ela uma vez em sua vida e esta pessoa já não estava mais viva. Ele, que via todos ao seu redor como criaturas sem inteligência ou sabedoria, via a si mesmo perdido ao encontrar alguém como Hanna.

- É bom saber disso - Ele deu um sorriso de canto, nunca lidara muito bem com suas fraquezas - Não tenho nada em mente, no momento, pode cantar o que quiser.

- Sim, tem uma plaquinha com o meu nome lá. Também é possível notar a marca de chute na porta - O rapaz nunca se preocupara em adicionar uma placa com seu nome na porta, mas após Melissa Carter entrar em seu quarto de uma maneira não muito educada, ele achou que era melhor prevenir-se.

Maxwell não parecia incomodado com o fato de ela estar observando-o, já que achava isso apenas justo, tendo em vista que era de seu costume observar cada pessoa que passava por perto de si. Ele abriu um pequeno sorriso de canto para ela, talvez ela nunca fosse saber o que se passava na mente de Watson, ele mesmo não tinha certeza na maioria das vezes, mas no pouco tempo que passara junto de Hanna, ele já havia se apegado a ela.

- Pode ser - O sorriso dele manteve-se em seu rosto enquanto ela cantava, algumas vezes ele fechava seus olhos enquanto prestava atenção na música, assim que esta terminou ele voltou a abri-los - Você realmente canta bem.

- Eeeh, podemos dizer que uma visita inesperada chegou muito, mas muito, irritada no meu quarto - Disse o rapaz, com um sorriso de canto ao lembrar-se da visita de Melissa - Só para deixar claro, ela não estava irritada comigo. Só errou o quarto.

Max não notara, mas a máscara que estava usando no momento talvez custasse a sair. Pelo menos na presença de Hanna, ele não conseguia se ver agindo de uma outra forma. Descobriu que gostava de ser gentil com pessoas boas, o que era uma surpresa para ele já que nunca gostara de agir como uma pessoa boa em toda a sua vida.

- Eu espero que você consiga - Maxwell abriu um sorriso gentil para ela, um pouco maior que os outros que ela já vira antes. Se havia algo que ele conseguia simpatizar, era com pessoas determinadas - Eu adoraria ir a um musical seu.

Ele não perguntou sobre a mãe dela, em outro momento talvez o tivesse feito, mas não quis se intrometer demais no passado da garota.

- Não, não aconteceu nada do tipo - Maxwell preferia omitir seu encontro com Melissa, não pelo o que tinha acontecido, mas por não desejar que Hanna fosse atrás e descobrisse que toda aquela gentileza que o rapaz demonstrava era falsa - Sim, ela mesma.

Ele apenas sorriu gentilmente enquanto era levado, estava se acostumando aos poucos com aquilo. Não era de seu gosto pessoal deixar que alguém lhe tocasse, já que todos que o faziam normalmente acabavam atingindo-o de alguma maneira. Mas ele duvidava que Hanna fosse esse tipo de pessoa, e até então não lhe dera motivos para isso.

- Também tenho certeza de que vai - Max manteve sua postura durante aquele tropeço, tentando servir de apoio tanto para ele quanto para Hanna. Por fim, acabou deixando uma risada soar - Foi um pouco perigoso sim.

O rapaz virou seu rosto para encará-la, com um sorriso tranquilo em seu rosto. Eram poucas as vezes que alguém podia lhe ver usando uma máscara como aquela, no entanto, mais raro que isso eram os sorrisos sinceros de Maxwell, e aquele era um deles.

- Eu estarei esperando e com certeza estarei lá.

- Ah, posso apenas imaginar - Maxwell não se importava com os outros alunos, era perigoso de sua própria maneira. Além do mais, estava ali apenas esperando para que a situação em sua cidade se esfriasse e ele pudesse retornar e fazer da vida de todos naquele local um verdadeiro inferno - Isso a definiu bem.

Maxwell era melhor em fazer as pessoas desistirem de seus sonhos do que incentivá-las, mas tudo girava em torno de sua fraqueza a pessoas como Hanna. Elas eram o que mantinham acesa a esperança de Maxwell na humanidade, pessoas genuinamente boas que não se importavam com a vida particular alheia, não tentavam estragar tudo para o resto. Basicamente, se você fosse o oposto de Max, você não sofria na mão dele.

- Eles são normais - Garantiu-lhe Max, sem nem mesmo olhar para baixo. Algo como isso ele teria notado - Não seria algo gerado mais por toda essa energia que você tem? Sempre animada, sempre alegre, você acaba se distraindo muito fácil.

Não era, nem de longe, uma crítica. Toda aquela humildade que Hanna tinha era uma das coisas que faziam com que Max gostasse tanto da companhia dela, nunca gostara muito de pessoas que gostavam de enaltecer seu próprio ser. Por mais que fosse muito orgulhoso, era algo que Maxwell considerava uma consequência de suas vastas habilidades.

- Eu tenho certeza que vai ser. Então, vamos? - Ele perguntou, pouco antes de ser puxado para fora dos dormitórios.

(Vou postar direto no bar kkkk qualquer coisa termino a conversa lá. :3)

Dante adquirira um certo costume nos últimos cinco meses, quando ele chegava em algum lugar ele queria conhecer todas as pessoas possíveis, é por isso que quando chegara em Windfall, um pouco antes de entrar na Academia Blackwell, ele fora de porta em porta na vizinhança conhecendo aqueles que moravam mais perto dele. Ali não seria nada diferente, e por que tinha que ser?
Ele já adquirira certa fama por ser uma pessoa doce e completamente amável, porém não era disso que ele estava atrás, Dante não se preocupava em ser conhecido ou em ter várias pessoas ao seu arredor, ele apenas desejava fazer o maior número de amigos possível. Isso era uma parte do seu charme e o que faz com que as pessoas gravitem na sua direção. Se havia alguém naquele lugar que era como Dante, esta pessoa era Hanna Blackwell. Dante ouvira falar dela, na verdade ele fora comparado a ela, e desde então ficara curioso para conhecê-la. Era justamente por isso que ele batia na porta dela naquele exato momento.

- Espero que ela esteja aqui... - O rapaz murmurou para si.

O sorriso de Dante era tão doce quanto poderia ser, ele estava genuinamente feliz por ter encontrado Hanna. Se havia algo que não faltava em Dante era curiosidade e ele normalmente era apressado para saciá-la, logo que foi comparado a ela, ele simplesmente tinha que conhecê-la e conversar um pouco com ela. Também seria bom conhecer uma pessoa boa, já que a última pessoa com quem conversara fora Maxwell Watson e aquilo não parecia ter sido uma conversa e sim um exercício mental. Porém acabar amigo do rapaz que gostava de falar que era um demônio.

- Eu sou novo sim, cheguei aqui recentemente. Você é Hanna Blackwell, não é? - Perguntou Dante, ele optou por ignorar a bagunça no quarto de Hanna, já que ao contrário da garota ele era bem regrado quanto ao fator organização, algo que adquirira quando fora adotado por Sigmund que desejara que ele fosse uma pessoa extremamente educada e organizada - Eu estava querendo encontrar você!

Dante não fazia a menor ideia do que acontecera com Hanna, já que Maxwell fizera questão de evitar chegar nessa conversa. Ele não queria fazer com que o rapaz fosse conversar com Hanna como quem conversa com uma criança machucada, afinal o rapaz que proclamava ser um demônio acreditava que a garota era mais forte do que isso. Logo, Dante a tratava como trataria qualquer pessoa que fosse conversar com ele, com um sorriso doce e muita educação.

- Obrigado - Agradeceu o rapaz, mantendo aquele sorriso doce em seu rosto - Não é bem ajudar. É que ficaram falando que somos muito parecidos, e eu acabei ficando meio curioso sabe? Eu simplesmente tinha que te conhecer, principalmente depois do Max falar tão bem de você.

- Eh, não se preocupe, o meu nunca está em boa condição mesmo - Falou Dante, mesmo que o motivo para seu quarto estar sempre bagunçado é que o rapaz só o usava para dormir, já que estava sempre indo atrás de pessoas novas para conhecer e interagir - Eu sou hiperativo, falo para caramba, e quero me tornar um psicólogo. Somos bem parecidos, na verdade.

Dante retribuiu aquela reverência com um pequeno sorriso em seu rosto, não era necessário passar muito tempo com Hanna para começar a gostar dela, e como já fora até ali com uma ideia boa de como ela seria, fora preciso ainda menos tempo para que ele se apegasse a ela. Não que fosse necessário muito para que Dante se apegasse a alguém.

- Sim, ele falou muito bem de você - Dante notou a reação dela e abriu um pequeno sorriso para aquilo, ele pessoalmente adorava saber que as pessoas falavam bem dele - Ele falou alguma coisa do tipo '' Ela é uma pessoa boa demais, eu não mereço ela na minha vida ''. Um pouco dramático, agora que eu paro para pensar. Mas ele ficou te elogiando o tempo inteiro.

- Eu acho que você daria uma boa irmã gêmea - Ele falou, com um largo sorriso em seu rosto. Já estava gostando de Hanna.

Dante murmurou um '' Licença '' ao entrar no quarto e caminhou tranquilamente até a cama de Hanna, sentando-se na mesma após a garota liberar a mesma. Ele passou a mão em seu rosto, empurrando os seus cabelos loiros e arrepiados para o lado, já que constantemente eles caíam na frente de seus olhos, dificultando um pouco a sua visão. Fez uma nota mental para ir cortá-los algum dia desse, mas provavelmente acabaria se esquecendo de um jeito ou de outro.

- Sim, no fundo ele é uma pessoa boa - Dante disse sorrindo no processo - Se ele diminuísse um pouco do drama e aumentasse só um pouquinho a bondade, tenho certeza que ele nunca mais falaria essas coisas - Ele apoiou seu rosto em sua mão e olhou para Hanna - Sabe, ele realmente parece gostar muito de você. Todo mundo me falou sobre como ele era uma pessoa horrível, mas quando ele começou a falar sobre você foram só elogios.

- Eu tenho certeza de que seremos! - Ele respondeu, sorrindo de uma maneira radiante.

Com seu queixo apoiado em sua mão direita, ele observava Hanna com um sorriso tranquilo em seu rosto. Ele fora até ali apenas para encontrar a garota que era, supostamente, muito parecida com ele. E até então, não se decepcionara. Eles realmente eram muito parecidos, os dois eram extremamente bons e tinham o costume de se preocupar muito com os outros, mesmo que estes provavelmente não se preocupassem tanto assim com eles.

- Eu tenho certeza de que seria, aquele cara é teimoso demais! - Hanna fora a primeira pessoa genuinamente boa que Maxwell conhecera em um bom tempo, isso tudo segundo o rapaz é claro. Dava para notar o porquê de ela ter causado um impacto tão grande nele assim, ela era como um imã que ia atraindo as pessoas cada vez mais, usando da luz dela como maior motivo para a aproximação inicial - Eu tenho certeza de que ele gosta de você, Hanna. Ele não sairia te elogiando daquela maneira por nada - Levando em conta a personalidade de Maxwell, era bem capaz de ele sair elogiando alguém sem motivo algum. Mas aquela era Hanna, os elogios dele eram sinceros - Gosto sim! Por mais que eu não entenda muito de música, eu gosto bastante!

Dante ergueu sua mão e bateu sua palma contra a de Hanna, com um sorriso doce em seu rosto. Aqueles dois eram realmente parecidos, tanto em suas bondades como em alguns jeitos de falar e tratar as outras pessoas com quem conversam, logo não era necessário muito para que ambos acabassem se entendendo e gostando um do outro.

- Eu não sei quanto a charme não, viu - Falou Dante, olhando para Hanna. Na opinião dele, aquilo era birra mesmo - Podemos tentar juntos! Eu também quero ajudá-lo, muito. A história dele não é uma das mais felizes, e eu quero mudar isso! - A determinação de Dante era idêntica a de Hanna, ele realmente queria salvar Max - Você canta? Pode cantar algo?

Dante parecia estar realmente animado com aquilo, mas era apenas natural, ele amava musicais justamente por ser um grande fã da Disney e de outros musicais em geral. Ele até teria ido para um lado mais artístico, talvez trabalhando com cinema, não fosse sua vontade de recuperar sua memória.

- Bom, não é só porque somos gêmeos que temos que pensar igual - Sorriu Dante, para logo em seguida rir com o que Hanna disse. Sim, se os dois conseguissem salvar Max, certamente poderiam ser chamados de super-heróis - Podemos fazer a capa, aí fica melhor ainda!

Dante desejava muito ajudar Maxwell. Sabia muito bem que o rapaz vivia em um momento da mais repleta escuridão e que precisava de muita ajuda para sair daquilo, e com a ajuda de Hanna aquilo se tornava cada vez mais possível. Os dois poderiam trabalhar juntos para conseguir fazer com que Maxwell deixasse toda aquela tristeza para trás e pudesse seguir em frente, por uma vida ainda melhor. Porém não seria uma tarefa tão fácil assim, já que Maxwell ativamente evitava qualquer ajuda que aparecesse pela frente, tomando cuidado para não se relacionar com pessoas que pudessem salvá-lo.

- Você canta muito bem! - Falou Dante, sorrindo e aplaudindo - De onde é essa música?