Quarto do Dante

- Não tem como não apreciar.

Dante era uma pessoa pura, que acreditava no bem e na paz. Levava uma vida bem simples, ele gostava de conversar com as pessoas e de descobrir e solucionar os problemas delas. Claro, algumas levavam mais tempo do que outras, porém ele sempre conseguia arranjar uma boa solução para tudo. Nymeria era uma das poucas pessoas das quais ele ainda não descobrira o problema, e ele tinha a impressão de que ela não revelaria dito problema para ele.

- Ele disse que queria ficar de olho em mim!

- Sim, ele disse que queria estar por perto para quando eu me lembrasse - Sorriu Dante, claramente feliz.

Andaram mais um pouco pelas ruas, com Dante tagarelando sobre como seu pai era uma pessoa incrível e como estava feliz de estar em Windfall. Claro, se ele soubesse o que se passava por debaixo dos panos saberia muito bem que aquele era um péssimo lugar para se estar, que logo aquela cidade iria implodir devido ao crime que a alastrava. Porém, ele não sabia de nada disso e era capaz de viver tranquilamente, sendo feliz. A ignorância realmente era uma benção.

- É ali - Ele apontou para uma singela casa mais a frente, onde havia um carro estacionado na frente.

- Normalmente é só meu pai que fica aqui, mas alguns amigos dele as vezes passam por aqui para visitar. Aquele seu amigo passou aqui também uma vez! Mas quando eu cheguei ele já estava saindo... - Dante coçou sua nuca, tentando se lembrar - O nome dele era Lennart, acho.

Lennart havia dito para Nymeria, dias antes, que planejava checar no que Sigmund estava fazendo e planejando, porém voltara afirmando que não conseguira descobrir nada. Apesar de ser o assassino favorito do Imortal, ele não conseguira nada. Até onde ele dissera, aquela era uma casa normal, sem nada demais nela. Nada de armas ou equipamentos avançados ou algo que poderia ser esperado de uma pessoa como Sigmund. Apenas uma casa simples e comum. Dante puxou Nymeria até a porta da casa e tirou o celular do bolso, passando uma mensagem para alguém. A porta do carro abriu-se e um homem desceu, caminhando até os dois.

Otacon:

- Oi, Hal! - Cumprimentou Dante - Hal, essa é a Nymeria. Nymeria, esse é o Hal.

Nymeria deveria saber muito bem quem era aquele homem. Hal Emmerich, líder da parte científica da Casa. Fora ele quem desenvolvera os nano robôs que estavam dentro do corpo dos Treze Fúrias, assim como ele desenvolvia as armas e muitas outras tecnologias que Nymeria apenas ouvira falar, mas nunca vira em ação.

- Prazer em conhecê-la - Hal estendeu sua mão para cumprimentar Nymeria.

- Sigmund gosta de crianças, sempre gostou delas. Então ele não se importa de lhe ajudar, tendo em vista que está indo atrás de Shadow - Explicou Hal, ajeitando seus óculos.

Dante voltou, carregando um notebook preto em seus braços. Ele o entregou para Hal, que agradeceu e rapidamente se despediu dos dois, voltando para o carro e indo embora. Ele se fora tão rápido quanto chegara. Dante então voltou seus olhos para Nymeria, abrindo um enorme sorriso de orelha a orelha.

- Vamos voltar?

- Acho uma ótima ideia!

Dante se alegrava com pouco. Para a maioria das pessoas, ir para um shopping naquela tarde seria um desperdício de tempo, porém Dante raramente via Nymeria, então queria aproveitar o tempo que tinha. Até porque, algo dentro dele lhe falava que não voltaria a ver Nymeria tão cedo. Apesar de ser um pensamento um pouco triste, ele conseguia ver isso acontecendo facilmente. Seus olhos brilhavam com a expectativa de passar uma tarde com uma amiga tão preciosa para ele.

- Sim. É nessa direção mesmo. Vamos!

Dante segurou o pulso de Nymeria novamente e gentilmente puxou-a na direção de onde era o tal shopping. Parecia ser uma mania dele, simplesmente puxar pessoas na direção que queria seguir. Fazia parte de sua personalidade protetora, ele queria guiar os passos de quem conhecia, para que jamais corressem perigo. Portanto, aquela puxada era algo que ele fazia de maneira inconsciente, mas com as melhores das intenções por trás dela.

✮ Alguns dias haviam se passado desde que ele e Hanna haviam saído juntos. Estava feliz. Terminara tão bem! E eles já tinham mais encontros combinados. Sentia que ia explodir de tanto amor que sentia, era uma sensação tão maravilhosa! Deitado em sua cama, ele rolava de um lado para o outro, dali dois dias eles iriam sair de novo. Haviam as responsabilidades da escola, é claro, não podiam ficar saindo o tempo inteiro. Mas encontravam horários onde estavam desocupados e combinavam. Parando pra pensar, fazia um tempo desde que falara com Maxwell. Da última vez, ele falara bastante sobre Melissa. Na verdade, também não a via faziam alguns dias. A visitara no dia que a oficina abrira, mas ela não tinha ouvido falar sobre o Max. E no assunto de amigos que não via, por onde andaria Nymeria? ✮

✮ Batidas. Bom, não era Hanna, ela sempre avisava quando dava uma passadinha em seu quarto, também não era Maxwell já que ele não batia na porta e simplesmente abria ela. E não tinha como ser Melissa, ela não estava mais na academia. Bom, tinha vários amigos, mas algo dentro de si lhe dava uma pequena dica de quem poderia ser. Levantou-se e abriu a porta e viu Nymeria. Fazia tanto tempo que não a via. Abriu um sorriso de orelha a orelha e praticamente saltou na direção dela, envolvendo-a em um abraço apertado. ✮

- Nym! Quanto tempo! - Dito isso ele soltou-a e entrou dentro do quarto, gesticulando para que ela entrasse. Assim que ela o fizesse, ele fecharia a porta e puxaria uma cadeira para si, Nymeria sabendo que podia sentar-se na cama tranquilamente. - O que tem feito?

- Bem... Coisas boas aconteceram. - Queria contar para ela sobre o encontro que tivera com Hanna, sobre os momentos que partilharam, sobre toda a felicidade que vinha sentindo nos últimos dias. Mas aquela reação dela ao falar do próprio pai. Bem, ele preferiu deixar as boas novas de lado. Queria focar-se nela. - Nunca vai ser um problema.

✮ Ele sorriu gentilmente ao ouvi-la falar aquilo e levantou-se da cadeira de onde estava, sentando-se ao lado dela na cama e puxando-a para um abraço carinhoso. Havia conforto, segurança, amor e afeto naquele abraço. Era como uma onda de emoções positivas sendo lançada na direção dela. Basicamente, era Dante fazendo o que ele sabia fazer de melhor, levantar o espírito daqueles que estavam perto dele. Queria ver Nymeria sorrir mais. ✮

- Pode ficar aqui quanto tempo quiser, então.

- Você pode confiar em mim, Nymeria. - Mesmo que ela tivesse lhe pedido para falar dos momentos bons que aconteceram nos últimos dias, ele sentia que era errado falar sobre eles quando ela estava em um estado tão ruim. Era como chutar alguém que estava caído. E ele queria ajudá-la a se erguer.

✮ Qualquer outra pessoa naquela situação tiraria proveito ou veria aquele abraço de uma maneira diferente. Mas Dante a abraçava como se Nymeria fosse sua irmã de longa data, uma pessoa que estivera sempre em sua vida. A conhecera fazia pouco tempo, mas ainda assim gostava dela dessa maneira. Apesar da leve frieza e dos mistérios, ela era uma pessoa boa. Ele conseguia sentir isso. E acima de tudo, era a sua amiga. E ele queria vê-la bem. ✮

- Se eu me importasse com essas coisas, não teria deixado você entrar, teria? - Ele sorriu de maneira terna, afagando calmamente a cabeça dela. - E eu não sou um que pode falar muito. Você sabe quem eu sou. Sabe quem meu pai é. E sabe o que foi feito. E no final das contas, Nym... Eu não posso dizer que você é uma pessoa ruim. Eu conheço pessoas ruins, e você não é uma delas.