Ars Goetia

- E quantas vezes poderei ter essa amostra? - Os olhos dele fixaram-se na língua dela, acompanhando o movimento. Sua imaginação sempre fora bem fértil, era um artista afinal de contas, logo não era difícil imaginar uma cena similar mas com o alvo dela sendo outra coisa que não o dedo indicador dela. - Oh, isso é fofo.

♙ Aquela batalha por natureza seria rápida, eram os inimigos mais fracos que poderiam ser lançados na direção deles. Não eram uma ameaça e nem mesmo um desafio. Maxwell compreendia bem isso. Mas não conseguia não ficar impressionado. Um mundo estranho, assustador e bizarro mas ao mesmo tempo atraente em sua própria maneira. Ver o corpo da Cognitiva movendo-se conforme destruía as criaturas, as lâminas de Ose cortarem, os ventos de Aeros e o cantar de Pixie era algo surreal e belo. Falando na Cognitiva, agora estavam ambos frente a frente. Aquele beijo em sua bochecha aqueceu-o. O que havia de errado naquilo, afinal de contas? Ela era Melissa, ou ao menos parte dela. Se ele bem desejasse poderia tomar aqueles belos lábios para si e sabia que ela aprovaria isso. Seus olhos começaram a perderem-se nos dela e ele começou a aproximar sua boca da dela, lentamente. Só um beijo e então iriam prosseguir. Só um... Quem sabe até dois? ♙

- Recomendo que faça isso em de volta na zona segura, rapaz. - A voz de Ose tirou-o de seu estupor e ele afastou seu rosto do dela. - No momento que você se distrair, você vai ser atacado.

- É... É, você tem razão. - Soltou a cintura da Cognitiva, pronto para afastar-se dela. Maldição, ela tinha que ser tão atraente? Contentou-se  com um rápido beijo na bochecha dela e começou a avançar pela rua.

- Se em algum momento isso realmente acontecer, você vai fazer isso diversas vezes.

♙ Maxwell olhou para cima. Lembrava-se de ter visto criaturas voadoras quando chegara ali pela primeira vez, mas elas não estavam em nenhum local que ele pudesse enxergar. E então notou. Não sabia como não tinha notado aquilo antes. Era o sol. Porém este era azul e emitia uma luz bruxuleante que iluminava as ruas. Não havia nenhum sinal de que ele estava se movendo para dar lugar a lua, permanecia estático no topo, como se fosse meio-dia. De certa forma era belo, porém claramente não podia observá-lo por muito tempo. Estranhamente o céu continuava vermelho, mesmo com esta iluminação. Bom, não era como se a lógica normal se aplicasse ali. ♙

- Quem sabe...

♙ Continuou a caminhar. Merda, por quê ela tinha que lhe provocar tanto assim? Não era como se ele fosse apenas mais um cara desesperado por sexo, mas havia algo nela que o afetava. Imaginava ser a voz, ouvir Melissa falando com ele daquele jeito era algo que lhe atiçava de uma maneira incontrolável. E bem... Ela era uma súcubo, se havia algum ser que sabia seduzir homens esta era ela. Seus olhos voltaram-se para frente e logo viu mais três inimigos. Diferentes dos demais. Deviam ter um metro de altura, aproximadamente, sua pele era vermelha como sangue e dois pequenos chifres destacaram-se em sua cabeça. Os três carregavam lanças feitas de metal. ♙

- Cuidado. Esses são mais rápidos do que parecem. - Avisou Ose, segurando suas espadas. - Deixe que avancem primeiro e aí ataque.

♙ Como que se estivesse combinado, os seres avançaram. Um avançou na direção de Ose, outro na direção de Aeros e o último foi para cima da Cognitiva. ♙

- Isso me soa ótimo.

♙ Maxwell sabia dizer o porquê de gostar tanto daquela Cognitiva. Ela era Melissa. E apesar de ser um pouco triste, que ela se imaginasse sendo um ser como aquele, mas conseguia também ver pontas de verdade naquela visão. Melissa era, apesar de não no jeito tradicional, uma mulher bem sedutora. Aquele fogo que a queimava, a raiva, o seu jeito rude de ser, tudo isso acabava por atrair algumas pessoas até ela. Mas ela não os queimava. Não como acreditava. Agora, motivos para se sentir atraído pela Cognitiva eram vários, e certamente aquele rebolado não estava o ajudando muito. Resistiu a vontade de dar um tapa na bunda dela. Não era o melhor lugar para isso. ♙

♙ Era possível notar que estes inimigos eram um pouco mais resistentes que os anteriores. As espadas de Ose bloquearam uma estocada e cortaram o peito do monstro, jogando-o para trás com cortes médios. Os ventos de Aeros tornaram-se ainda mais velozes do que antes, porém o dano também continuava mediano. O chute da Cognitiva deixou seu inimigo levemente atordoado, ao ponto de que ele precisou parar e se apoiar na lança, sua mão livre indo até a sua têmpora. A voz de Pixie soou novamente, porém a canção de agora era diferente. A música cantada, sentiriam os três, aumentava a força. Ose investiu novamente e dessas vez suas espadas partiram o monstro ao meio, que tornou-se pó logo em seguida. Os ventos de Aeros decapitaram o segundo inimigo, este também virando pó. Assim que a Cognitiva terminasse de eliminar o seu adversário, Ose viraria-se para Maxwell. ♙

- Vamos voltar para a zona segura. - Disse o ser.

- Por que? - A expressão de Max era uma de confusão.

- O tabuleiro é sempre montado para ser contra humanos. Camuflagem ou não, esse lugar pesa em você. Você se cansa mais rápido e se você se forçar demais, esqueça os dois meses. É bom avançar de pouco em pouco.

- Entendo. Bom, vamos voltar. - Maxwell, de fato, respirava pesadamente. Ele virou-se e começou a caminhar de volta pelo caminho de onde vieram, olhando por cima de seu ombro, diretamente para a Cognitiva, ele sorriu e abriu seu braço esquerdo, um convite para ela ir ao seu lado.

- Eu notei que estava. - A mão esquerda dele passou pela cintura da Cognitiva, não sem antes esfregar-se suavemente na bunda dela, e a puxou para perto de si.

♙ Apesar da extrema proximidade, era notável que Maxwell não estava tão preocupado assim com as possíveis provocações. Sentia-se cansado. Queria poder sentar e descansar um pouco. Em alguns minutos, que certamente se passaram com gracinhas de Maxwell para a Cognitiva e da Cognitiva para Maxwell, eles passaram por aquela linha vermelha e logo Maxwell não tinha mais aquele estranho peso sobre as suas costas. Não estava descansado, mas estava certamente um pouco mais leve. ♙

- Quando voltar, garoto, estaremos aqui. - Disse Aeros.

♙ Um a um os companheiros do rapaz sumiram no ar em pequenas partículas vermelhas. Maxwell assumiu, talvez de maneira errônea, que aquilo era um método para evitar que eles fossem mortos sem ele estar ali. Agora só estavam ele e a Cognitiva, perante a mesma igreja que haviam se conhecido. Antes que Maxwell pudesse fazer alguma piadinha, a voz de Louis ecoou. ♙

- Há um banco ao lado da igreja. Vai descobrir que ele é bem confortável. Sente-se nele e descanse até sentir-se melhor. Se sair daqui cansado o efeito será duplicado no outro lado. - A voz, que deveria vir de dentro da igreja, parecia ressoar dentro da mente de Maxwell.

♙ Ele soltou a Cognitiva por um momento e observou o estranho banco que Louis comentara. Era um simples banco de praça branco, feito de metal. Não havia de muito especial sobre ele. Quando Maxwell sentou-se, era como se estivesse em uma poltrona extremamente confortável. Nem parecia ser feita de metal. Suspirou, contente. Ali sim, poderia relaxar. Apoiou seus braços atrás de si, onde encostava suas costas, deixando-os bem esticados. Mas é claro, ainda havia o prêmio da Cognitiva. Apesar das batalhas em si não terem sido extremamente complicadas, ela estivera ali com eles. Maxwell olhou para ela e bateu com sua mão esquerda duas vezes em seu colo. ♙

- Venha.

♙ Ter ela tão próxima assim era de fato excitante, mas Maxwell sentia-se no mínimo confiante em sua capacidade de controlar a situação. Fora ele quem a chamara, afinal de contas. Para ela colocá-lo em uma posição ruim, tudo o que precisava fazer era começar a provocá-lo e ele não iria aguentar. Mas ali? Ali ele montara o campo de batalha, ele sabia o que precisava fazer e o limite que podia percorrer. A verdade, porém, precisava ser dita. O limite se aumentava cada vez mais. ♙

- Ah, diversas coisas. O que vou fazer com você quando resolvermos essa situação - Ele falava, conforme sua mão subia, passando pelo rosto dela, segurando o queixo e o dedo polegar passeando pelos lábios dela. - E o que vou lhe dar de prêmio por estar nos ajudando. - Ele aproximou seu rosto do dela, porém sua boca desviou-se foi até o ouvido da Cognitiva. - Feche os olhos.

- Sobre o que mais eu estaria pensando?

♙ O rapaz suspirou ao sentir a movimentação dela. Senhor, me ensine a resistir isso, pensava Maxwell. Ele não sabia se conseguiria aguentar por muito mais tempo ou se seria capaz de dizer um não convincente. Seu corpo sabia bem o que ele queria, mas sua mente sempre fora mais forte, logo ele aguentava. Mas aquelas curvas lhe convidavam tanto, aqueles lábios pareciam serem tão saborosos... Todo o corpo dela era feito para atraí-lo. ♙

- Oh, sim. - Murmurou ao ouvido dela, perante a pergunta. Seu rosto moveu-se novamente, passando perante o dela, os lábios quase tocando-se e então indo para o outro lado. As mãos de Maxwell foram até a cintura dela, mantendo-a no local. A boca dele foi até o pescoço dela e ele mordeu o local. Não para machucar, é claro, mas para provocá-la. Ali estava o primeiro prêmio dela.

- Você pode tentar adivinhar.

♙ Claro que não estava pensando apenas sobre sexo ou sobre o que iria fazer com Mel assim que tivesse a oportunidade, tinha seus próprios problemas para lidar e o Tabuleiro era um dos vários. Mas também era um adolescente e muitas vezes não conseguia controlar seus desejos, como a própria Melissa descobrira na noite que passara no quarto dele. Era inevitável, ele tinha hormônios e tudo mais e bebia também, tinha uma miríade de desculpas. ♙

- E você adora quando eu sou cruel. - Os dentes dele permaneciam naquele local, apesar de estarem exercendo uma pequena pressão agora. As mãos de Maxwell, que encontravam-se na cintura da Cognitiva, desceram e apertaram os glúteos dela. Sentir aquele corpo pressionado contra o seu, aquelas curvas todas... Céus, ele iria enlouquecer. - Esse é o seu primeiro prêmio. Se continuar me ajudando, vão ter vários outros.

- Ah é? Me diga então.

♙ Não deveria ser segredo algum para a Cognitiva de que Maxwell gostava de ser dominado em situações mais intimas, então ela estar segurando-o contra o lugar onde ele mordera era extremamente excitante para ele. A própria Melissa vira isso naquela noite, o quão entregue o rapaz podia ficar quando estava sob o comando dela, eles fizeram e falaram coisas que nunca imaginaram antes. Maxwell sempre negara ser um masoquista, mas cada vez que lembrava-se do modo como Melissa o tratara naquele dia, mais e mais ele duvidava disso. ♙

- Vitória? Está contando com isso muito antes de acontecer, quem sabe no final disso eu esteja de puxando por uma coleira. - Maxwell suspeitava que mesmo assim a Cognitiva contaria isso como uma vitória para si mesma. Ela queria ver o rapaz quebrar, queria possuí-lo e ele estava determinado a não deixar isso acontecer. - Podemos sempre variar nos seus prêmios. Hoje foi uma mordida, quem sabe amanhã não seja uma massagem nesses seus peitos, num outro dia pode levar umas palmadas... Eu posso ser bem criativo.

- Talvez eu esteja pensando nela sim, sobre uma conversa que tenho que ter com ela.

♙ O conceito de ter inveja de si mesma era algo um pouco estranho para Maxwell, mas de certa forma conseguia entender. Aquela Cognitiva fora formada por causa de uma imagem que Melissa tinha sobre si mesma, que atraía pessoas para perto e si e as machucava, as queimava e elas se afastavam. O modo como os dois ficaram próximos foi um pouco diferente dos demais, imaginava que se algum outro amigo dela estivesse ali a reação da Cognitiva seria diferente. ♙

- Ah é? O que vai querer além da coleira que vou colocar em você?

♙ Agora era ele quem cantava vitória antes da hora como se tudo estivesse alinhado-se perfeitamente para ele vencer. Porém a vida nem sempre era assim. No final das contas ele poderia acabar morto, condenando toda Windfall junto de si. Talvez até pudesse vencer, mas acabasse se entregando e possuindo aquela Cognitiva. Poderia também vencer, mas as possibilidades eram inúmeras. ♙

- Podemos fazer isso amanhã, então.

♙ Maxwell riu baixinho. Não achava que a conversa que teria com Melissa acabaria em sexo, apesar de certamente desejar isso. Não, já era mais do que hora de colocarem aquilo em ordem, uma vez que era claro como o dia que ambos sentiam atração um pelo o outro, caso contrário todas aquelas vezes não teriam acontecido. ♙

- Ah, sim. Bom, não vou colocar nada meu em você, vamos ter que improvisar.

♙ Ele não iria fazer nada daquilo que estavam falando, apesar de ter um bom nível de perversão ele certamente passava longe de certas coisas. Mas isso não o impedia de usá-las para provocar a Cognitiva, pois de certa forma ele estava testando-a. Até onde ela iria por ele e até onde aguentaria segurar aquela caçada. Um jogo um pouco arriscado de se fazer, mas ele precisava saber disso se ia ter ela ao seu lado. E bem... É, ele era atraído por ela, mas isso era de se esperar. Maxwell notara nos últimos dias que não conseguia resistir à Melissa, Cognitiva ou não. ♙

- Combinado. - Ele repetiu e deu dois leves tapinhas na bunda dela. - Agora vamos, eu tenho que voltar.

- Aquilo foi uma exceção, é claro. Mas bom, já que gosta tanto dos meus dedos, eu deixo você chupar eles.

♙ Poderia fazer outras coisas com seus dedos, porém sabia que era melhor evitar fazer qualquer contato sexual direto com ela, uma vez que sempre que isso acontecia entre ele e Melissa os dois demonstraram que eram bem capazes de perder totalmente o controle que tinham. Suspeitava que não seria nada diferente com aquela súcubo. E ele tinha uma certa fraqueza com súcubos, não bem pela ideia clássica delas mas sim pela estética como um todo. ♙

- Devo voltar amanhã. - Ele levantou-se e se espreguiçou no processo. - E por mais alguns dias. Acho que na sexta vou ir falar com a Mel real, então pode ser que eu não venha.

- E você é muito safada.

♙ Tinha que admitir que naquela batalha ela estava ganhando a dianteira com certa facilidade, ela era Melissa afinal de contas e sabia bem o que havia acontecido na noite que partilharam, conhecia os pontos fracos de Maxwell e como atingi-los. Não todos, porém uma boa parte. E agora tudo o que os impedia de avançar ainda mais era a força de vontade de Max e sua mente implorando para que ele fosse racional. ♙

- Eu irei me divertir sim.

♙ Maxwell voltara no dia seguinte, como havia dito e avançaram ainda mais no Tabuleiro e a Cognitiva foi recompensada com a massagem que havia sido prometida. No outro dia ele também viera e mais uma parte do caminho fora trilhado, apesar de não chegarem tão longe assim era notável que o corpo do rapaz estava começando a acostumar-se com a pressão que havia naquele local. A recompensa da Cognitiva fora as palmadas que ele havia citado. ♙

♙ Não aparecera no dia seis e muito menos no dia sete ou no dia oito, a Cognitiva de Melissa saberia muito bem o motivo disso. Ele estava se perdendo no corpo da Melissa verdadeira, ambos explorando-se cada vez mais naqueles dias que se passavam descobrindo ainda mais sobre os outros e afundando-se no prazer. Ele voltou no dia nove, claramente satisfeito e saiu com os três monstros para fora da igreja, apenas esperando para que a Cognitiva viesse. ♙