Quarto do Maxwell

- Se o Noah nos visse assim, em volta de uma mesa de bar lamentando a morte dele, eu tenho certeza de que ele a gente não ia ouvir o final dos xingamentos dele. Ele ia odiar isso, com todas as forças dele.

Não chore pelos idiotas e pelos condenados, você vai derramar lágrimas até o fim dos tempos. Fora isso que Noah falara para Maxwell, quando ambos estavam em seu quarto, bebendo e reclamando da vida. Noah soubera bem que ia morrer, sempre soube. Ele havia entrado em um local sem saída, onde seus pecados estavam chegando para cobrá-lo. Na verdade, Noah apenas lutara contra Shadow pois o maldito ia contra tudo o que odiava. Se ele não gostava de uma pessoa, ele era contrário a ela mesmo quando a outra estivesse certa. E ele odiara Shadow desde que aprendera sobre o que ele fazia. Portanto, ele fora a luta. E ele morrera. Imaginando como ele morrera, a mente de Maxwell imaginou o rosto de Noah. E ele sorria.

- Pelo menos ele foi embora - Murmurou Maxwell. Jacket viera ali com um objetivo e ele o cumprira. Maxwell puxou Melissa na sua direção e beijou a testa dela - Vamos mudar de assunto, minha gente. Eu tô vendo a hora que o Noah vai voltar dos mortos só pra bater na gente por ficar nessa depressão.

Dante puxou Hanna para um abraço apertado e caloroso, olhando para Mel e Max durante todo o processo. Não chegara a conhecer Noah, muito menos sabia quem o rapaz era, porém sentia um enorme pesar pela morte dele. Todos mereciam uma segunda chance e Noah não tivera a sua. Ou ao menos, não vivera tempo o suficiente para ver ela chegar. Sabia que o rapaz deveria ter cometido atrocidades, já que ele fora contra Shadow ao lado do Inverno Soviético, mas até mesmo pessoas como ele mereciam ter uma nova oportunidade, uma de melhorar e uma de se arrepender.

- Calma, calma - Dante acariciava o ombro de Hanna, suavemente confortando-a.

- Essas coisas não existem - Maxwell afirmou firmemente. Ele não acreditava muito no sobrenatural, apesar de ter algumas crenças aqui e ali que foram recém adotadas, tirando isso ele não acreditava que algo mágico existia. Isto é... Até há alguns dias atrás. Maxwell sempre fora um bom ator, portanto ele fingira bem que não acreditava nesse tipo de coisa. Quando ele vinha presenciado isso por dias a fim - Adoro quando você fica irritada... Pera, onze e vinte?

O tempo voa quando você está se divertindo, e Maxwell se divertira muito naquela noite. Pudera beber com pessoas que gostava, conversar tranquilamente e voltara a beijar Melissa. Não fosse pelo clima pesado que caíra naquela mesa, ele provavelmente estaria beijando ela, de uma maneira menos sedenta do que a de antes, mas ainda assim estaria provando dela. Mas por enquanto, aquelas demonstrações de afeto e brincadeiras bastavam para ele.

- Onze e vinte...

O olhar de Dante caiu sobre o seu copo, o rapaz mal bebera, tomara apenas o suficiente para molhar seus lábios e saciar a sede, mas estava longe de ser muito descontrolado como outras pessoas daquela mesa. Até porque ficava preocupado com o que viria a acontecer caso todos daquela mesa acabassem por ficar bêbados. Certamente não seria algo bom, já que Melissa e Max já haviam passado dos limites bem no comecinho da comemoração. Decidiu ser a pessoa sóbria, o motorista da rodada, o adulto, o paladino.

- Acho que já está na hora de irmos, Hanna.

- Talvez eu esteja - Maxwell segurou o dedo indicador de Melissa, puxando a mão dela mais para perto e dando um longo beijo na mesma. Ele olhava para ela enquanto fazia isso, seus olhos azuis passando uma óbvia mensagem '' Eu te quero ''. Porém não era o momento de fazer as fantasias sexuais dos dois se tornarem a realidade, não estavam no lugar certo para isso. Quando retornassem para a Academia poderiam muito bem ir para o quarto e se afogarem um no outro - Pegas em um fantasma?

Quando Dante se levantou e foi se despedindo de todos presentes, Maxwell o cumprimentou com um sorriso malandro em seu rosto. Um sorriso que não vinha da situação que ele se encontrava com Melissa. Não, ele notara como o rapaz vinha se comportando perto de Hanna, apesar de estar consideravelmente bêbado, Maxwell ainda mantinha certa habilidade de observação, por mais que essa estivesse claramente minada devido ao álcool.

- Ah, vamos sim. Vamos ficar muito bem - Apesar da frase poder ser levada para um sentido mais malicioso, não era como se essa tivesse sido a intenção de Max. Bem, não completamente.

Dante ignorou por completo a conversa sobre o sobrenatural. Não acreditava completamente no que ouvia, era um hábito seu, porém era uma tolice maior ainda dispensar qualquer tipo de informação como se fosse uma mentira simplesmente por não concordar com ela. Levantou-se e apoiou Hanna, até ver que ela conseguia andar direito e então passou a se despedir dos outros. Cumprimentou Max, notando o sorriso do mesmo e ficando levemente vermelho. Foi rápido e conseguiu dar um beijo na bochecha de Melissa, o que não se provou ser um desafio uma vez que ela havia bebido demais. Passando por trás de Ame, ele gentilmente pousou sua mão no ombro dela e beijou a bochecha da mesma. Claro, não a conhecia bem, mas achava injusto ser carinhoso com os outros dois e com ela não.

- Até mais, pessoal - Ele falou, indo para o lado de Hanna e acenando para os outros - Juízo! - Dante sorria gentilmente e em seguida apontou para Maxwell - Principalmente você!

- Aaah, não fica assim. Não, na verdade, fica sim - Ele estava próximo, estava abraçado a ela na verdade, portanto aproximar seu rosto do de Melissa não era algo tão complicado assim. De começo, parecia que ele queria beijar ela, e ele de fato queria, mas não naquele momento. Sua boca chegou bem perto da orelha dela, era quase conseguia sentir o toque dos lábios dele conforme ele falava - Pode descontar essa raiva em mim, na minha cama.

Ele adorava bancar o sedutor apesar de não ser um. Apenas sabia o que falar para atiçar as pessoas, apesar de na maioria das vezes atiçar a raiva delas ou alguma outra emoção. Mas Melissa era a exceção, sempre fora. Ele gostava de flertar com ela, devido ao fato de ela ter aquela personalidade tão quente, como um fogo que consumia tudo. Era divertido, brincar com o perigo. Depois do... caso das bebidas ele diminuíra muito os flertes, ao ponto de que eles eram raros, mas ele bebera como se não houvesse amanhã e acabara passando do seu limite muito rápido. Não adiantava muito que, mais cedo naquele dia, ele acabara por beber um pouco também, junto de Nathaniel. Despediu-se de Dante e Hanna e acenou para Ame conforme ela saia.

- É bem melhor sem - Fez o comentário, balançando-se na mesa e em seguida olhou assustado para Melissa - Nós não usamos naquele dia. Você acha que vai ficar grávida?

Maxwell adorava Melissa, não apenas pelo sexo, mas sim como pessoa. Achava ela uma das garotas mais interessantes que já encontrara em toda a sua vida, ela era bruta, violenta e possuía um pavio quase que inexistente, porém sabia ser divertida e gentil ao mesmo tempo. Talvez tenha sido isso que levou ele a começar com os seus flertes, queria ver mais dela, queria criar uma ligação com ela, algo que pudesse lembrá-la de quem ele era. Bom, depois da noite que passaram, seria difícil Melissa um dia esquecer Maxwell. Assim como era impossível para ele esquecer quem ela era. Antes, apenas desejara a companhia dela, agora, ele desejava Melissa por inteiro. Queria sentir o corpo dela contra o seu, queria beijá-la até não poder mais, queria poder abraçá-la a qualquer momento, queria poder rir ao lado dela. Ele certamente deveria estar enlouquecendo para pensar assim.

- Eu sei que sou - O rapaz jogou sua cabeça para trás e riu um pouco, voltando seu olhar para ela apenas para fazer o comentário da camisinha. E sorriu maliciosamente ao ouvir a resposta dela - Vamos fazer sem, então?

A preocupação dele durou pouco, primeiro porque estava bêbado, e segundo porque a resposta dela foi tranquilizante o suficiente. Em algum lugar dentro de si, uma vozinha afirmava que ele não via problemas em ter um filho com Melissa. Ou se casar. Merda, agora aquela voz estava ganhando cada vez mais força. Balançou sua cabeça suavemente de um lado para o outro e voltou seus olhos para ela.

- Chega por hoje, né? - Ele espreguiçou-se enquanto falava isso, e assim que terminou, sua mão desceu para a cintura de Melissa, puxando-a para perto e dando um rápido beijo nos lábios dela. A entonação que ele colocou na sua próxima frase era o suficiente para que ela soubesse o que ele tinha em mente - Vamos voltar para a Academia?