Quarto do Maxwell

- Eu creio que tenho inteligência o suficiente para isso, mas para que eu iria querer uma arma de destruição em massa? - O rapaz abriu um leve sorriso, havia algo de divertido ali, com uma pequena pitada de loucura - Coisas assim acabam com a diversão.

Max não se apegava as pessoas que conhecia, era sua muralha que fora erguida ao redor do seu eu emocional, para evitar que ele sofresse mais para frente. No entanto, mesmo evitando interagir com qualquer tipo de ser humano, ele sempre tinha seus pequenos momentos de fraqueza, e eram nesses momentos que as pessoas ao seu redor notavam um detalhe em Maxwell. Ele realmente era tão miserável quando ele aparentava ser.

- Eles bem que poderiam me escolher então, diferente da maioria, eu vou de voluntário. Não precisa nem me pagar - Falou Maxwell,  rindo logo em seguida.

Com o lápis preto ele começou a colorir a jaqueta de couro que ela usava, seus traços eram lentos e perfeitos, era como se aquilo que estivesse no papel realmente fosse couro. Em seguida ele passou para os cabelos dela, parando um pouco antes de chegar no final dos mesmos, ele levou sua mão até sua caixa e começou a revirá-la em busca de outro lápis. Era possível ver que ali dentro tinha de tudo, tesoura, cola, clips de pape, um estilete e por algum motivo, uma bala de uma arma.

- Eu disse que eu era foda, não disse?

- Eu não assisto tanto anime assim - Falou Maxwell, era verdade que ele possuía alguns desenhos onde sua inspiração era obviamente este tipo de desenho japonês, mas ele não era um dos maiores fãs.

Por mais que a ideia de aniquilação total da humanidade fosse algo divertido para Max, era algo que estava claramente incomodando Melissa, então ele se viu perguntando-se se não seria melhor mudar de assunto, já que aquele claramente não estava adiantando, mas o rapaz tinha uma dificuldade enorme em realizar dito ato.

- Acho que vou fazer isso sim, e me fantasiar de vaca para aumentar as chances - Falou Max, rindo ainda mais.

Ele notou a movimentação de Melissa, mesmo parecendo estar completamente focado no desenho. Ele retirou a bala de dentro da caixa de lápis e guardou-a no bolso de sua calça, em seguida pegando os lápis de cor vermelho e laranja, ele começou pintando a ponta do cigarro que estava aceso, obviamente, em seguida ele usou as mesmas cores para a parte do cabelo dela que ele não pintara, e assim que ele terminou a garota notaria que o desenho representava ela com tanta raiva que seu cabelo parecia estar começando a pegar fogo. Era como se o finalzinho de suas mechas negras fossem chama pura.

- Hmmm, dá para fazer melhor ainda - O rapaz disse, observando seu desenho.

- E qual seria esse? Talvez eu conheça.

Maxwell não tinha um conhecimento muito vasto quando o assunto era animes, os únicos dois que ele reconhecia completamente eram Ghost In The Shell e Akira, dois que apenas assistiu por terem um impacto enorme na época em que foram feitos. Era um tanto óbvio que ela poderia falar um nome que ele não reconheceria.

- Ok, eu armei essa piadinha sem perceber.

Ainda assim ele riu junto dela, em sua mente formou-se uma imagem onde ele vestia-se com uma fantasia de vaca e logo em seguida ele riu ainda mais. O desenho que estava em suas pernas quase caiu para o lado caso o rapaz não tivesse segurado o mesmo, era uma imagem muito ridícula, era quase impossível ele não rir daquilo.

- Bem retratada, é óbvio - Maxwell falou, daquela maneira arrogante que só ele sabia fazer - Você é como o fogo, Melissa. Uma hora você queimando de uma maneira incontrolável, em outras está mais calma.

- Já ouvi falar disso aí, mas nunca perdi meu tempo assistindo .

De fato, Maxwell já tinha ouvido falar daquele anime, mas como gastava a maior parte do seu tempo lendo e desenhando, ele nunca parava para assistir algo que novo, preferindo manter-se aquilo que já conhecia e sabia que era bom. Isso normalmente dificultava a sua situação, toda vez que desejava ver algo novo, era como um leve bloqueio mental que ele mesmo preparara.

- Eu sou um homem de muitos dons.

Ele precisou de alguns segundos para poder se recompor, era raro vê-lo rindo dessa maneira, soltando uma gargalhada genuína. Em sua cidade, Maxwell era conhecido por ver graça nas coisas mais estranhas e diferenciadas, normalmente envolvendo pessoas. Além de ser conhecido pelo sumiço de seu irmão, é claro.

- Então quer dizer que eu sou uma pessoa especial que não merece ser surrada? - Ele perguntou, rindo um pouco.

- Temos uma viciadinha aqui - Falou Max, em tom claro de brincadeira - Assim que você descobrir porque eles fazem isso, me conte, porque meu foco está voltado em tentar descobrir como funcionam as visões do Bran, do Game Of Thrones. No livro elas não interferem com o passado, mas na série sim.

Max apenas acompanhou o movimento de Mel, enquanto ela fazia o cigarro voar. Nunca tivera problema com quem fumava, até porque seu irmão fumava direto. Mas nunca conseguira gostar de tal coisa, a começar pelo gosto, que era horrível. Ele trocava um cigarro por um café sem pensar duas vezes.

- Tem que ser algo muito ridículo. Ou de um humor muito negro.

Ele olhou para o desenho e pegou uma caneta que tinha dentro da caixinha de madeira, e então fez uma rápida assinatura em um dos cantos do papel, em seguida guardou dita caneta e passou o desenho para Melissa.

- Uau. Nossa, eu... - Max estava aturdido - É a primeira vez que eu escuto isso.

- Mas eu estava certo, de fato temos uma viciadinha aqui - Falou Max, ao ouvir as reclamações de Mel sobre o seriado. Estas reclamações que eram muito parecidas com as dele - Não precisa parar, continue!

Havia um sorriso travesso nos lábios de Maxwell, ele estava obviamente se divertindo com aquilo. Assim como Melissa, ele lera todos os livros de As Crônicas de Gelo e Fogo, estes livros podiam ser encontrados em sua prateleira, inclusive. Qualquer mínimo detalhe que foi mudado na série, foi recebido com xingamentos e reclamações da parte de Max, que odiava quando algo não ficava fiel ao material de origem.

- Bom, primeiro vai ter que acertar. O que não é fácil.

Ele abriu um pequeno sorriso ao notar o cuidado de Melissa, ele ficava profundamente ofendido quando alguém tratava seu desenho como se não fosse nada demais, o rapaz sempre acabava pensando em toda a dedicação que gastara em algo, apenas para ele ser jogado de lado.

- É a primeira vez que alguém fala que não sou a pessoa mais irritante do mundo - '' Ou que toleram a minha existência '' foi a frase que não deixou a boca de Max - Sim, pode ficar. Normalmente eu cobro, mas pode ficar com esse.

- Ei, não há nada de errado nisso, eu amo Game Of Thrones também. Cenas desnecessárias existem na maior parte das adaptações, então eu não fiquei surpreso com aquilo, mas de fato fiquei irritado - Max abriu um leve sorriso para ela - Ah, é mesmo? E se eu tiver como provar?

O sorriso de Maxwell abriu-se mais um pouco, ele era tão problemático quanto Melissa, mas desde que chegara naquela cidade ele decidira que ficaria quieto em seu canto. Seria uma surpresa para a garota, descobrir que ele era um verdadeiro demônio em um corpo humano.

- E eu sou bom de esquiva, mas se quiser tentar a sorte, vá em frente.

Ele suspirou ao ver todo aquele cuidado, e levantou-se indo até sua mesa, abrindo uma das gavetas e tirando uma pasta preta que estava completamente vazia e entregou-a para Mel. Foi então que notou a careta da garota, e abriu um leve sorriso simpático o que seria uma surpresa para ela, aquela expressão parecia que não tinha lugar no rosto do rapaz.

- Ah, eu duvido que sejam piores das que me... deixa quieto, você não vai querer ouvir histórias tristes agora - Falou o rapaz, virando seu rosto para o lado - Eu sei que vai.

- Como assim, aparentemente? - Falou Maxwell, fingindo estar irritado com aquela pergunta - E como não ficaríamos irritados quando a própria emissora nos dá spoilers, transmitindo o próximo episódio antes da hora? - Essa era uma clara referência ao fato de que a HBO da Espanha transmitira o sexto episódio da sétima temporada, ao invés do quinto - Eu sou meu próprio seguro.

Por mais que Max fosse uma pessoa horrível por dentro, no fundo ele podia demonstrar afeição e preocupação com algumas pessoas, mas estas eram tão poucas que não valia a pena listá-las, até porque eram apenas duas e uma estava morta.

- Ah, mas acho que vou desafiá-la, Cigarro - Enquanto a expressão de Mel sugeria diversão, a de Max deixava isso claro. O rapaz estava divertindo-se.

Max era bom em ler as pessoas, logo sabia que Mel poderia querer uma pasta. Era apenas um dos dons do rapaz, sendo usado para uma coisa mundana. Mas se tivesse que usá-la para o bem maior, o rapaz provavelmente não o faria.

- Se você quiser escutar o Trágico Épico de Maxwell Watson, eu posso lhe contar, mas já vou avisando, é meio longo - Falou o rapaz. Ele de fato não importava-se de contar sua história, por mais triste e absurda que esta fosse, já que ele nunca importava-se com nada - Não precisa agradecer, eu gosto de desenhar. E você é uma ótima modelo.

Ele piscou um de seus olhos para ela, logo em seguida.

- E você realmente acha que eu sou um desses? Você merece um prêmio, feriu meu ego e o meu intelecto em uma porrada só - Falou Max, deitando-se em sua cama - Há algumas teorias sobre os livros que eu rezo para que se tornem realidade, de tão boas que são. Já ouviu falar da EndGameOfThrones? - Finalmente chegaram em um território onde Max demonstrava ser um verdadeiro viciado - Ele é a prova disso sim, e da maioria das coisas também.

Assim como Maxwell estava presenciando um lado raro de Mel, esta presenciava o lado sociável de Max. Não era uma máscara, que ele sempre usava quando precisava conversar com alguém, mas era algo genuíno vindo de dentro dele. E isto era um pouco assustador para o garoto.

- Acho que já estou fazendo isso, não? - Quando o dedo dela acertou a testa dele, Max revidou com um peteleco dado na perna da garota.

Max sentou-se na cama, com suas pernas cruzadas e abriu um largo sorriso para Melissa.

- Muito bem, se começar a ficar entediada me avise - Maxwell disse - Dez anos atrás, em uma cidade remota, existiam dois garotos, eles eram verdadeiros gênios, mas lhe faltava humanidade. Um destes garotos, no entanto, conseguia fingir que havia um pingo de decência em seu corpo, enquanto o outro não. Este que fingia era amado por toda a cidade, era visto como um verdadeiro tesouro por todos. Mas um dia, este garoto sumiu! Ele havia sido sequestrado, e o povo culpou o irmão dele, alegando que ele sentia ciúmes, quando na verdade, o rapaz não sentia nada. O padre da cidade, vendo que este garoto era muito diferente dos demais, começou a espalhar boatos, que na verdade, este garoto seria um servo do diabo!

Maxwell gesticulava muito enquanto contava aquela história, colocando efeito nas frases, para prender a atenção de Melissa.

- Eu estou? Ah, caramba, eu estou - Falou Max, finalmente notando que de fato, estava paquerando Melissa - Perdão, é um costume meu.

- Ah, mas eu notei isso - De fato, Max era capaz de notar que Melissa era boa quando o assunto era ferir algo, ou alguém. Ainda assim, ele continuou a sorrir para ela - É foda, porque a teoria é meio grande. Vou dividir ela em três partes: Azor Ahai, IceBrandon e Fim. Essa teoria sugere que o Azor Ahai seja o Jaime Lannister - Max estudara dita teoria a fundo, então ele sabia muito bem como explicar isso para Mel - Eu tenho motivos para isso.

Maxwell tinha uma pequena intuição quanto a esse costume de Melissa, de não ignorar qualquer tipo de desafio e ele vira que estava correto assim que ela movera-se. Não houve resistência vinda da parte de Max, ele estava curioso para ver o que ela faria, mas assim que aquele dolorido cafuné começou, Max agiu. Nunca fora uma pessoa dotada de força, mas ele compensava em técnica. Não fez nada mais do que dar um leve aperto no lado direito da barriga dela, no entanto esse aperto era realizado em um ponto do corpo dela onde ela seria obrigada a jogar seu corpo para o lado esquerdo, mais por instinto. No momento que isso acontecesse, Maxwell aproveitaria o deslize dela para levantar-se.

- Como eu disse, tenho motivos para isso.

Maxwell estralou seu pescoço por um momento, e em seguida seus punhos. Era um costume que ele tinha, para tentar ajeitar seus pensamentos.

- Não, nada disso. Mas durante sete anos, o garoto teve que escutar sussurros por suas costas e acusações dos piores tipos. Tudo o que acontecia de errado naquela cidade, era culpa dele. No entanto, ele não era o único a escutar isso, sua mãe viu seus mais antigos amigos se afastarem dela, ela que já tinha perdido um filho e sofria com aquilo, não viu outra saída - Por um momento, o sorriso de Max vacilou - E ela tirou sua própria vida. O pai do garoto era um homem de igreja, sempre a frequentava, e quando essa tragédia ocorreu, ele culpou seu filho.

Maxwell abriu um leve sorriso de canto.

- Se isso fosse alguns anos atrás, eu diria que você teria que ficar irritada - O rapaz disse - Mas como já se passou minha época de experimentos, eu não faço a menor ideia. Se quiser, vá em frente e sinta-se lisonjeada.

- Por alguns motivos. Na lenda do Azor Ahai, ele fez a espada dele e a temperou em água, porém a espada se partiu, em seguida ele a fez novamente e a temperou no coração de um leão, porém a espada se partiu. Assim que ele fez a espada novamente, ele a temperou no coração de sua mulher, certo? Bom, como nos livros temos a Catelyn Stark revivida, ela seria a representação da água, por ser uma Tully cujo símbolo é um peixe, que é relacionado a água, logo o Jaime vai matá-la. Parte da teoria diz que Jaime vai retornar a Porto Real com a Brienne e vai acabar matando a Cersei, temperando a espada no coração de uma leoa, já que a Cersei é uma Lannister. É possível que a Brienne seja envenenada, e para salvar ela do sofrimento, o Jaime mate ela, temperando a espada no coração do amor dele, criando a Luminífera - Explicou Maxwell, parando para juntar ar logo em seguida - É preciso ter orgulho, ele faz bem para a saúde.

Quando Mel avançou, ele até mesmo tentou se defender porém falhou. Se Maxwell tinha uma falha, era a de sentir cocegas, pois logo ele estava rindo de maneira incontrolável, caindo lentamente para trás, mas não sem antes segurar as mãos de Melissa e trazê-la junto de si.

- Eu posso cair, mas você vem junto.

Max não queria que Melissa o consolasse, sabia que seria inútil e nada mudaria. Na verdade, ele já deixara tudo aquilo para trás, mas o peso da morte de sua mãe ainda estava em suas costas, pois assim como seu pai, Maxwell se julgava culpado por isso.

- Bom, o pai do garoto juntou-se ao padre e a outros homens, que queriam dar uma lição nesse servo do diabo. Mas dito servo era muito inteligente e nunca cairia em uma armadilha, e foi aí que o pai entrou, distraindo seu próprio filho e fazendo com que ele fosse raptado e levado para um galpão que havia na cidade - O sorriso de Maxwell voltou - Durante uma semana o garoto foi espancado e torturado. Ele foi também, marcado - Falou Maxwell, levantando-se e tirando sua jaqueta, em seguida ele tirou sua camiseta sem demonstrar um único pingo de vergonha. Além do rapaz ser, surpreendentemente, bem definido, em suas costas havia algo que poderia causar desconforto em Melissa, algo havia sido escrito a faca ali '' Servus Diabolis '' - Seu próprio pai o marcou como servo do demônio para que ele nunca esquecesse isso.

Para aquele gesto obsceno de Mel, ele limitou-se a responder jogando-lhe um beijo com sua mão.

- Ah imagino que seja preciso sim, você é do tipo difícil - Falou Maxwell, dando uma leve risada - Mais do que eu posso contar, na verdade.

- Enfim, próxima parte é a do IceBrandon. A teoria diz que o Corvo de Três-Olhos é um aliado dos White Walkers, e que está preparando o Bran para que ele possa habitar o corpo de um dragão de gelo, que os White Walker possuem. O nome desse dragão, seria Winter, e ele é o motivo da famosa frase dos Starks. O Inverno não seria, de fato, o inverno mas sim o dragão de gelo. Ned Stark vivo? Essa é nova - Contou Max, puxando de sua memória para ver se esquecera algum detalhe - E não ter orgulho do que você faz lhe torna uma pessoa que está constantemente duvidando de si mesma.

Maxwell não tinha defesa alguma contra cocegas, na verdade ele até tinha, porém não desejava usá-las naquele momento. Ele tinha um pequeno plano começando a surgir em sua mente, e ele precisava que Melissa começasse a sentir que estava ganhando dele, o que de fato estava, já que o raciocínio daquele jovem gênio caíra pela metade.

- Nunca!

Max pegou a camiseta que Mel lhe jogara e virou-se, com um pequeno sorriso em seu rosto. Era um sorriso que deixava claro que ele fizera dito exibicionismo de propósito, apenas para aumentar a dramaticidade de sua história.

- Falta de pudor é uma característica dos demônios, não é mesmo? - Ele em seguida vestiu a camiseta, e sentou-se na cama novamente - No próximo dia, a polícia os encontrou. Todos foram presos, mas de todos os envolvidos apenas um não morreu na prisão e este foi o pai do garoto. Um mês depois, o irmão gêmeo dele reapareceu na cidade, os seus sequestradores sofreram um acidente de carro e ele fora o único que sobrevivera e estivera em um coma até então. Eles viveram por três anos juntos, até que o irmão que reaparecera decidiu que não era uma boa ideia para que seu irmão continuasse a viver naquela cidade, e deu um jeito de enviá-lo para Windfall City. Esse é o Trágico Épico de Maxwell Watson.

Apesar de toda aquela história ser extremamente fora do comum e absolutamente revoltante em alguns pontos, Maxwell não parecia estar sendo afetado por isso, levando em consideração tudo o que Maxwell lhe contara até então, Melissa poderia deduzir que o rapaz sempre fora o babaca que era, desde que era uma pequena criança.

- Ninguém é verdadeiramente impossível - Maxwell falou, abrindo um leve sorriso de canto - Eu só estava curioso para saber qual seria a reação das pessoas caso eu começasse a flertar com elas. Não é minha culpa que funcionou.